一 A survivor
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一 A survivor
一 A survivor
Espaço reservado para as postagens da trama pessoal de Neon Visser, fiha de Hermes e Curandeira de Asclépio. Postagens de pessoas não autorizadas serão reportadas para a moderação e posteriormente removidas.
Neon Visser
Localização :
Somewhere
Idade :
24
Re: 一 A survivor
Don't tell me what to do
Viver sem dinheiro já é algo bem complicado, agora viver sem dinheiro, sem os pais e sem uma casa é uma verdadeira prova de fogo que Neon Visser passava todo dia.
Nascida no dia 18 de Novembro as 19:40 numa casinha qualquer em Detroit, ou assim lhe foi dito, sabia pouco sobre sua infância, apenas que sua mãe era uma alcólatra inconsequente que atendia pelo nome de Stella Visser e que seu pai havia falecido pouco antes de nascer. Moraram juntos até que a garota completasse 7 anos, depois disso Stella tomou um chá de sumiço e nunca mais foi vista na cidade. Expeculava-se que devia demais ao traficante local então teve que se mandar para evitar ter uma orelha decepada ou algo assim.
Neon passou dias em casa sem saber o que havia acontecido, pra onde ir ou muito menos o que fazer quando foi encontrada pela vizinha, que estranhou o silêncio na casa e foi bisbilhotar. A garota estava muito magra, quase azul de fome e frio, despertando a piedade no coração da moça, que acabou lhe acolhendo em casa.
Seu nome era Martina e ela era uma mulher caridosa que ajudava as crianças da região. Era muito humilde e trabalhava como balconista em um hospital local, então raramente estava em casa, o que causava um certo caos em sua residência com 6 crianças desgovernadas que atendiam apenas a hierarquia de quem batia mais forte. E é claro que Neon tirou aquela de letra. Ascendeu ao comando dos “meio-irmãos” com facilidade e com isso era tida como uma espécie de líder. Criava as melhores brincadeiras, tinha os melhores esconderijos e obviamente lidava com todo tipo de problema.
Apesar de Martina ser um amor de pessoa, Neon nunca se sentiu em casa. Estava mais para uma hóspede muito querida numa pousada caótica onde dividia o quarto com outras duas crianças melequentas. Por este motivo passava muito tempo na rua, onde conhecia todo tipo de gente, desde meninas da sua idade até velhos fanfarrões que tentavam lhe passar a mão. Mas Neon era esperta e sempre dava um jeito de sair desse tipo de situação, com o passar o tempo acabou ganhando fama de arruaceira por sua personalidade esquentada que a metia em constantes brigas. Achava injusto aquele título pois mesmo sendo incisiva, nunca procurava por problemas mas eles sempre pareciam sentir seu cheiro.
Graças a pouca instrução da escola pública do bairro, seus dias se resumiam a frequentar as aulas durante o dia e vagabundear a noite com um grupo de meninas que a seguia como cachorrinhas perdidas. Apesar da aparência maltrapilha e de valentona, Neon tinha um bom coração. Junto com suas amigas, costumava andar pelo bairro com um taco de baseball que havia catado no lixão e cuidava dos arruaceiros de baixo nível. Num geral protegiam passantes e animais de rua, mas ao menos tinha a sensação de que estava fazendo algo para mudar aquela realidade.
Com 15 anos arrumou um emprego numa lojinha de bebidas e teve que mudar a escola para o horário da noite, fazendo com que sua "ronda" se tornasse cada dia mais perigosa. Embora não se deixasse intimidar, por trás da marra sabia que ninguém ia respeitar muito uma adolescente qualquer com um taco de baseball, mas ainda assim agia como se fosse um general com seu pequeno exército de meninas malvadas.
Em uma noite, quando estava voltando da aula, ouviu um burburinho vindo de um corredor qualquer. No momento estava sozinha ja que suas “capangas” se reuniram no portão principal da escola, então decidiu bisbilhotar sozinha.
Esgueirando-se pela parede fria de cerâmica, Neon visualizou um grupo de 4 rapazes encurralando uma garota mais nova, que se encolhia na parede e argumentava com a voz trêmula algo que não conseguia ouvir. Tomada pela revolta, dobrou o corredor pisando forte, o que chamou atenção dos bullies.
— Que coisa mais covarde. — Debochou fazendo uma curva de desaprovação com os lábios. — Quatro marmanjos pra uma garotinha desse tamanho?
Um dos garotos grunhiu e voltou-se para Neon, que percebeu que ele parecia um pouco maior do que um estudante de ensino médio e seu rosto não era nada familiar. Na verdade nenhum dos três era, exceto pelo último que ao dar um passo a frente, foi reconhecido como Noah Price, um estudante mal encarado que era conhecido por ser um trombadinha em potencial. Neon sabia que ele estava profundamente envolvido com as gangues pesadas e já havia sido pego várias vezes pela polícia por posse de drogas.
— Ah, Visser, qual é? — Ele riu e aproximou-se com as mãos espalmadas nas laterais do corpo, quase como se fosse uma conversa normal. — Estamos apenas conversando com essa mocinha.
Lá no canto, a menina de cabelos castanhos tremeu um pouco mais e um sonzinho amedrontado escapou de sua garganta. Os grandalhões riram, mas Neon fechou os punhos.
— Corta o papinho, Price. — Disse de forma ríspida. — Ela é minha parceira de ciências, então deixem-na em paz. — Mentiu na cara dura, mas por incrível que pareça aquilo pareceu funcionar. Aparentemente sua fama de garota problema estava servindo para alguma coisa, pois Noah deu uma olhada de canto para a garota encolhida no canto e voltou seu olhar para Neon, claramente avaliando a situação. Seu pequeno cérebro de drogadinho pareceu perceber que a morena não estava acompanhada de suas fiéis escudeiras e que não tinha poder nenhum naquela situação.
Ele sorriu e sinalizou para os colegas, que largaram a jovem e vieram na direção de Neon. E foi naquele momento que ela soube que havia fodido tudo.
Noah a pegou pelo braço, forçando uma aproximação e com a mão livre agarrou o maxilar de Neon com força. Seu hálito era uma horrível mistura de cigarro barato com cebola e bebida que fez com que o estômago da morena se revelasse.
— Eu já estou cansado de você e suas putinhas se metendo na minha vida. — Rosnou fazendo com que gotículas de saliva voassem na cara de Neon. — Vou te ensinar a respeitar a hierarquia. — Murmurou colocando a mão no bolso e tirando uma lâmina suja e torta.
Neon se contorceu tentando se livrar do aperto mas um dos grandalhões que acompanhavam Noah a segurou. Naquela altura do campeonato, Neon esperava qualquer coisa: Uma facada, um soco, apanhar no corredor até desmaiar, um resgate inesperado de suas colegas… Esperava tudo mesmo, menos o que aconteceu.
Um barulhinho de algo muito pequeno sendo esmagado foi ouvido e em menos de dois segundos o corredor estava cheio de uma grossa fumaça branca com um cheiro doce e inebriante. Atordoado, o brutamontes que segurava Neon soltou-a para proteger o rosto, mas a garota teve pensamento rápido e deu-lhe uma cotovelada na barriga e uma joelhada no saco de Noah, desvencilhando-se do grupinho aos tropeços. Mas a cereja no topo do bolo foi quando finos dedos agarram seu pulso a puxaram para longe.
Por alguns segundos tudo que pôde ver foi um borrão cinza e verde das paredes da escola, mas quando o ar fresco da noite finalmente alcançou seus pulmões foi que conseguiu identificar sua salvadora: A mocinha encurralada.
— O que...o que? Aquilo la… — Balbuciou completamente esbaforida, envergando a coluna e apoiando as mãos nos joelhos enquanto buscava fôlego.
— Aquilo foi uma distração, precisamos correr.— Disse de forma apressada.
O susto havia sido tão grande que as pernas de Neon pareciam ter virado purê de batata, mas mesmo assim forçou-se a seguir a jovem pelas ruelas de Detroit. Tudo estava escuro e mal iluminado, o que na verdade facilitou bastante a locomoção discreta das
garotas. Andaram em silêncio até um café que ficava aberto a noite toda dentro de um posto de gasolina. O lugar estava quase vazio, exceto por alguns poucos funcionários de cara feia encostados nos tanques de gasolina, que olharam as garotas atravessarem o perímetro como predadores que acompanham a presa. Neon fechou a cara e travou o maxilar, sua mensagem era clara, se alguém tentasse alguma gracinha iria sair seriamente machucado.
Adentraram no posto tocando um sininho ao abrir a porta. Tinham umas mesinhas sujas num canto perto do caixa enquanto o resto do estabelecimento era cheio de estantes, prateleiras e geladeiras repletas de bebidas alcóolicas. Neon e sua nova colega sentaram-se numa mesa aos fundos, o mais longe possível da balconista fofoqueira.
— Então…? — Perguntou buscando explicações.
— Aquela névoa foi disso aqui. — Ela tirou do bolso da jaqueta um punhadinho de sementes coloridas num ziplock. — As amarelas são névoa atordoante.
Ao receber em resposta o olhar confuso de Neon, ela guardou as tais sementes e movimentou as mãos energicamente como quem procura as palavras.
— Meu nome é Quinn Sawyer, eu sou… Como você. — Ela tinha um tom sério mas Neon riu. Sentadas ali naquela mesa imunda, Quinn e ela não poderiam ser mais diferentes. Quer dizer, enquanto Neon usava jeans extremamente gastos e rasgados com lavagem escura e um suéter furado tão velho que o preto parecia estar ficando verde, Quinn trajava uma roupinha colorida típica dessas lojas hippies e caras. Tinha cabelos alourados e unhas bem feitas. Neon ergueu as sobrancelha sarcasticamente e esboçou um sorriso. — Não estou fazendo piada. — Retrucou Quinn. — Olha, sei que é minha primeira vez como rastreadora, mas você não precisa agir desse jeito. — Continuou cruzando os braços sobre o peito como se Neon estivesse fazendo algum tipo de pirraça proposital para atrapalhar seu desempenho.
— Ok, madame. — Disse risonha e em seguida sinalizou para uma garçonete, que veio sem parecer muito feliz. — Mas antes, umas bebidas. Por favor, duas garrafas do seu pior chá gelado. — Pediu com um riso amarelo para a garçonete, que virou-se monotonamente e voltou pouco depois com duas uma jarra de vidro com gelo e umas rodelas de limão flutuando num líquidos âmbar. Neon serviu os copos que haviam sido colocados em sua frente e empurrou um na direção da loirinha. — Agora temos este delicioso chá de qualidade duvidosa, podemos continuar nossa conversa.
Embora Neon mantivesse um sorriso confiante, Quinn parecia séria e batia o pé nervosamente contra a haste de metal que sustentava a mesa.
— Neon, isto é sério. — Reclamou num tom urgente, inclinando-se na direção da morena. — Não é fácil o que tenho pra te falar! Na realidade é tão difícil que estou fazendo isso aqui por punição!
— Ok, calminha. — Neon levantou as mãos espalmadas num sinal de rendição, mas seus lábios ainda exibiam um risinho debochado. Não estava entendendo bulhufas do que a patricinha estava falando, mas devido aos recentes eventos, talvez precisasse ser um pouco mais atenciosa.. — Estou a todo ouvidos.
— Ok, só não me interrompa. — Quinn usou um tom tão pomposo naquela sentença que Neon teve que segurar o riso. — Você precisa saber a verdade sobre seu pai.
Ao ouvir aquela palavra, Neon endireitou a coluna e seu rosto já não exibia mais o ar levemente brincalhão de sempre. Seus dedos se fecharam ao redor do copo com tanta força que o anelzinho que tinha no indicador chegou a arranhar a superfície de vidro.
— Basicamente, sua mãe era uma mortal comum e foi cortejada por… Uhh, não tem uma forma boa de falar isso. — Ela titubeou. — Bom, eu imagino que coisas estranhas acontecem ao seu redor o tempo todo, certo? — Indagou levemente desesperada. Neon refletiu por um instante sobre sua vidinha ordinária. Na ponta da língua a resposta era “não”, mas no fundo sabia que já havia visto coisas estranhas se esgueirando pelos becos escuros enquanto andava com as garotas. E não era só aquilo, podia passar horas comentando sobre os rostos estranhos e criaturas humanoides que lhe encaravam e murmuravam coisas numa língua estranha, porém familiar. No fim das contas e com um nó na garganta, acenou positivamente.
Quinn prensou os lábios e buscou as mãos de Neon sobre a mesa. Uma atitude estranha e levemente invasiva, mas já era tarde demais para se afastar, então permitiu aquele contato desconfortável.
— Isso quer dizer que sua mãe foi cortejada por uma divindade. Sabe aqueles contos antigos sobre deuses e a religião grega e romana? — Parecia uma pergunta mas não houve espaço para resposta, Quinn continuou como uma metralhadora de informações num discurso ensaiado. — Não são apenas histórias, eles realmente existiram e tiveram filhos com mortais, criando assim pessoas como nós. Meio humanas…
— E meio… divindades? — Completou Neon, completamente perplexa e Quinn concordou.
— Este mundo não é seguro para nós. — Continou num tom urgente. — Existe um lugar em Nova Iorque onde podemos treinar, crescer e desenvolver nossas habilidades ao máximo.
Neon tinha o coração acelerado enquanto tentava assimilar toda aquela informação de uma vez só.
— Deixa eu ver se eu entendi. — Disse com muita dificuldade. — Meu pai é um deus, isso faz de mim uma meio deusa que precisa se mudar para um...Campo de treinamento para que nenhuma criatura me faça em pedaços?
— Embora o termo seja ‘semideusa’, sim. É basicamente isso.
Neon esperou que Quinn começasse a rir a qualquer segundo e anunciasse a pegadinha, mas não havia sinal algum de humor em seu rostinho de princesa, apenas um misto de urgência e desconforto.
— E-eu não posso ir pra Nova Iorque. — Foi o que conseguiu responder. Quinn suspirou e estendeu a mão para alcançar os punhos cerrados de Neon, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa o sininho da porta tocou novamente anunciando a entrada de um novo freguês. Ou melhor, quatro.
Noah e a trupe de idiotas adentraram no estabelecimento e se dirigiram com passos firmes para a mesa onde as meninas estavam. Quinn levantou puxando Neon pelo braço, colocava seu corpo na frente do da morena como se tentasse protegê-la de algo, o que seria engraçado em qualquer outra ocasião.
— VOCÊ TÁ MORTA, VISSER. E ESSA FRANGUINHA AI NÃO VAI TE PROTEGER— Berrou puxando novamente a faca da jaqueta e apontando para Quinn.
— ME MAMA. — Respondeu Neon no mesmo, e antes que qualquer atitude inteligente fosse tomada, pegou a jarra cheia de chá gelado e jogou na direção do rapaz. O vidro barato se espatifou aos seus pés e deu-lhe um belo banho, o que definitivamente o deixou puto. Foi a deixa para que Neon rebocasse Quinn pelo braço e fosse se afastando de Noah, que já era socorrido pelos seus fiéis brutamontes.
A balconista chegou para interromper a briga, mas ao ver a faca de Noah juntamente com seu olhar sanguinário, deu meia volta e saiu do estabelecimento. Noah esbravejou uma ordem qualquer que fez com que seus companheiros corressem atrás das garotas. Neon não era covarde, já tinha se metido em coisa pior e saido vitoriosa, mas alguma coisa em si gritava que naquele momento a melhor decisão era correr e se esconder. Era como se seu cérebro tivesse desligado e seu corpo agisse por conta própria.
— Olhe bem para eles, Neon. — Disse Quinn como se tivesse lido seus pensamentos. — Tente ver além do óbvio.
Sem entender muito o que havia sido dito, Neon estreitou os olhos e se concentrou no grupo a sua frente. Pouco a pouco os rostos humanos foram perdendo a forma, e como se finalmente uma imagem entrasse em foco, percebeu que aquele não era um caso de garotos grandalhões de escola pública cheios de ódio no coração. Eles tinham uma pele viscosa como a de um anfíbio, vasos sanguíneos e veias eram visíveis a olho nú numa derme arroxeada. Não tinham cabelo e seus olhos sem pálpebras eram vazios,, mas a pior parte definitivamente era a boca cheia de fileiras com dentes similares aos de um tubarão. Um deles apontou para Neon e arreganhou os dentes.
— Semideusa. — Disse numa voz que se assemelhava a uma porta de madeira muito velha se abrindo. — Sua carne é nossa.
— Cacete. — Murmurou Neon recuando uns passos. Uma das criaturas rosnou e partiu pra cima das garotas.
Num movimento rápido, Neon derrubou as mesas e cadeiras a sua frente e saiu correndo com Quinn em seu encalço, que puxava estantes cheias de produtos no caminho para atrasar os inimigos.
— Tem uma saída nos fundos. — Disse Neon com urgência. Em sua mente uma ideia começou a se formar, parecia incrivelmente estúpida e desnecessária, mas mesmo assim era a única saída.
Ao chegar na sessão de limpeza, próximo a saída de emergência do estabelecimento, Neon puxou do bolso um isqueiro e apertou o pequeno botão plástico, liberando as chamas azuladas. Sem pensar duas vezes jogou o apetrecho no chão e o fogo se espalhou como água nos líquidos inflamáveis.
— Vem, rápido. — Agarrou Quinn pelo braço e fechou a porta vermelha, deixando Noah e os monstrengos fritarem.
Enquanto corriam pelas ruelas, as chamas aumentavam atrás de si e não demorou muito até um grande estrondo ser ouvido, indicando que o fogo havia encontrado um vazamento de gasolina ou algo similar. Honestamente não queria saber. As duas continuaram correndo sem rumo até suas pernas sucumbirem a exaustão, então sentaram-se no meio fio da rua deserta. Ao longe o som da sirene do corpo de bombeiros soava rua abaixo.
— E agora?
— Bom, tem um ônibus que nos levará para Nova Iorque em poucas horas. — Informou Quinn. — De lá daremos um jeito.
Neon assentiu e respirou fundo tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Sabia que precisava fugir. Se ataques como aqueles continuassem acontecendo, sua família e amigos não estariam seguros nunca e não iria demorar muito até que virasse comida de monstro.
A realidade doía muito, mas teria que abandonar Martina e seus irmãos naquela noite.
— Eu sei que é duro. — Quinn falou num tom solidário e colocando a mão num dos ombros de Neon. — Mas é o único jeito. E o acampamento é bacana, vão ter outros iguais a você e quando ficar forte poderá visitar sua família. Pode ficar tranquila.
Neon balançou a cabeça positivamente e voltou os olhos para o escuro céu de Detroit.
— Tudo bem. — Murmurou levantando-se e limpando a sugeira da calça. — Vamos acampar então. — Completou oferecendo a mão para Quinn, que levantou logo em seguida. E assim ambas tomaram caminho para a rodoviária em silêncio, deixando para trás um incêndio e toda a vida que Neon conhecia.
Nascida no dia 18 de Novembro as 19:40 numa casinha qualquer em Detroit, ou assim lhe foi dito, sabia pouco sobre sua infância, apenas que sua mãe era uma alcólatra inconsequente que atendia pelo nome de Stella Visser e que seu pai havia falecido pouco antes de nascer. Moraram juntos até que a garota completasse 7 anos, depois disso Stella tomou um chá de sumiço e nunca mais foi vista na cidade. Expeculava-se que devia demais ao traficante local então teve que se mandar para evitar ter uma orelha decepada ou algo assim.
Neon passou dias em casa sem saber o que havia acontecido, pra onde ir ou muito menos o que fazer quando foi encontrada pela vizinha, que estranhou o silêncio na casa e foi bisbilhotar. A garota estava muito magra, quase azul de fome e frio, despertando a piedade no coração da moça, que acabou lhe acolhendo em casa.
Seu nome era Martina e ela era uma mulher caridosa que ajudava as crianças da região. Era muito humilde e trabalhava como balconista em um hospital local, então raramente estava em casa, o que causava um certo caos em sua residência com 6 crianças desgovernadas que atendiam apenas a hierarquia de quem batia mais forte. E é claro que Neon tirou aquela de letra. Ascendeu ao comando dos “meio-irmãos” com facilidade e com isso era tida como uma espécie de líder. Criava as melhores brincadeiras, tinha os melhores esconderijos e obviamente lidava com todo tipo de problema.
Apesar de Martina ser um amor de pessoa, Neon nunca se sentiu em casa. Estava mais para uma hóspede muito querida numa pousada caótica onde dividia o quarto com outras duas crianças melequentas. Por este motivo passava muito tempo na rua, onde conhecia todo tipo de gente, desde meninas da sua idade até velhos fanfarrões que tentavam lhe passar a mão. Mas Neon era esperta e sempre dava um jeito de sair desse tipo de situação, com o passar o tempo acabou ganhando fama de arruaceira por sua personalidade esquentada que a metia em constantes brigas. Achava injusto aquele título pois mesmo sendo incisiva, nunca procurava por problemas mas eles sempre pareciam sentir seu cheiro.
Graças a pouca instrução da escola pública do bairro, seus dias se resumiam a frequentar as aulas durante o dia e vagabundear a noite com um grupo de meninas que a seguia como cachorrinhas perdidas. Apesar da aparência maltrapilha e de valentona, Neon tinha um bom coração. Junto com suas amigas, costumava andar pelo bairro com um taco de baseball que havia catado no lixão e cuidava dos arruaceiros de baixo nível. Num geral protegiam passantes e animais de rua, mas ao menos tinha a sensação de que estava fazendo algo para mudar aquela realidade.
Com 15 anos arrumou um emprego numa lojinha de bebidas e teve que mudar a escola para o horário da noite, fazendo com que sua "ronda" se tornasse cada dia mais perigosa. Embora não se deixasse intimidar, por trás da marra sabia que ninguém ia respeitar muito uma adolescente qualquer com um taco de baseball, mas ainda assim agia como se fosse um general com seu pequeno exército de meninas malvadas.
Em uma noite, quando estava voltando da aula, ouviu um burburinho vindo de um corredor qualquer. No momento estava sozinha ja que suas “capangas” se reuniram no portão principal da escola, então decidiu bisbilhotar sozinha.
Esgueirando-se pela parede fria de cerâmica, Neon visualizou um grupo de 4 rapazes encurralando uma garota mais nova, que se encolhia na parede e argumentava com a voz trêmula algo que não conseguia ouvir. Tomada pela revolta, dobrou o corredor pisando forte, o que chamou atenção dos bullies.
— Que coisa mais covarde. — Debochou fazendo uma curva de desaprovação com os lábios. — Quatro marmanjos pra uma garotinha desse tamanho?
Um dos garotos grunhiu e voltou-se para Neon, que percebeu que ele parecia um pouco maior do que um estudante de ensino médio e seu rosto não era nada familiar. Na verdade nenhum dos três era, exceto pelo último que ao dar um passo a frente, foi reconhecido como Noah Price, um estudante mal encarado que era conhecido por ser um trombadinha em potencial. Neon sabia que ele estava profundamente envolvido com as gangues pesadas e já havia sido pego várias vezes pela polícia por posse de drogas.
— Ah, Visser, qual é? — Ele riu e aproximou-se com as mãos espalmadas nas laterais do corpo, quase como se fosse uma conversa normal. — Estamos apenas conversando com essa mocinha.
Lá no canto, a menina de cabelos castanhos tremeu um pouco mais e um sonzinho amedrontado escapou de sua garganta. Os grandalhões riram, mas Neon fechou os punhos.
— Corta o papinho, Price. — Disse de forma ríspida. — Ela é minha parceira de ciências, então deixem-na em paz. — Mentiu na cara dura, mas por incrível que pareça aquilo pareceu funcionar. Aparentemente sua fama de garota problema estava servindo para alguma coisa, pois Noah deu uma olhada de canto para a garota encolhida no canto e voltou seu olhar para Neon, claramente avaliando a situação. Seu pequeno cérebro de drogadinho pareceu perceber que a morena não estava acompanhada de suas fiéis escudeiras e que não tinha poder nenhum naquela situação.
Ele sorriu e sinalizou para os colegas, que largaram a jovem e vieram na direção de Neon. E foi naquele momento que ela soube que havia fodido tudo.
Noah a pegou pelo braço, forçando uma aproximação e com a mão livre agarrou o maxilar de Neon com força. Seu hálito era uma horrível mistura de cigarro barato com cebola e bebida que fez com que o estômago da morena se revelasse.
— Eu já estou cansado de você e suas putinhas se metendo na minha vida. — Rosnou fazendo com que gotículas de saliva voassem na cara de Neon. — Vou te ensinar a respeitar a hierarquia. — Murmurou colocando a mão no bolso e tirando uma lâmina suja e torta.
Neon se contorceu tentando se livrar do aperto mas um dos grandalhões que acompanhavam Noah a segurou. Naquela altura do campeonato, Neon esperava qualquer coisa: Uma facada, um soco, apanhar no corredor até desmaiar, um resgate inesperado de suas colegas… Esperava tudo mesmo, menos o que aconteceu.
Um barulhinho de algo muito pequeno sendo esmagado foi ouvido e em menos de dois segundos o corredor estava cheio de uma grossa fumaça branca com um cheiro doce e inebriante. Atordoado, o brutamontes que segurava Neon soltou-a para proteger o rosto, mas a garota teve pensamento rápido e deu-lhe uma cotovelada na barriga e uma joelhada no saco de Noah, desvencilhando-se do grupinho aos tropeços. Mas a cereja no topo do bolo foi quando finos dedos agarram seu pulso a puxaram para longe.
Por alguns segundos tudo que pôde ver foi um borrão cinza e verde das paredes da escola, mas quando o ar fresco da noite finalmente alcançou seus pulmões foi que conseguiu identificar sua salvadora: A mocinha encurralada.
— O que...o que? Aquilo la… — Balbuciou completamente esbaforida, envergando a coluna e apoiando as mãos nos joelhos enquanto buscava fôlego.
— Aquilo foi uma distração, precisamos correr.— Disse de forma apressada.
O susto havia sido tão grande que as pernas de Neon pareciam ter virado purê de batata, mas mesmo assim forçou-se a seguir a jovem pelas ruelas de Detroit. Tudo estava escuro e mal iluminado, o que na verdade facilitou bastante a locomoção discreta das
garotas. Andaram em silêncio até um café que ficava aberto a noite toda dentro de um posto de gasolina. O lugar estava quase vazio, exceto por alguns poucos funcionários de cara feia encostados nos tanques de gasolina, que olharam as garotas atravessarem o perímetro como predadores que acompanham a presa. Neon fechou a cara e travou o maxilar, sua mensagem era clara, se alguém tentasse alguma gracinha iria sair seriamente machucado.
Adentraram no posto tocando um sininho ao abrir a porta. Tinham umas mesinhas sujas num canto perto do caixa enquanto o resto do estabelecimento era cheio de estantes, prateleiras e geladeiras repletas de bebidas alcóolicas. Neon e sua nova colega sentaram-se numa mesa aos fundos, o mais longe possível da balconista fofoqueira.
— Então…? — Perguntou buscando explicações.
— Aquela névoa foi disso aqui. — Ela tirou do bolso da jaqueta um punhadinho de sementes coloridas num ziplock. — As amarelas são névoa atordoante.
Ao receber em resposta o olhar confuso de Neon, ela guardou as tais sementes e movimentou as mãos energicamente como quem procura as palavras.
— Meu nome é Quinn Sawyer, eu sou… Como você. — Ela tinha um tom sério mas Neon riu. Sentadas ali naquela mesa imunda, Quinn e ela não poderiam ser mais diferentes. Quer dizer, enquanto Neon usava jeans extremamente gastos e rasgados com lavagem escura e um suéter furado tão velho que o preto parecia estar ficando verde, Quinn trajava uma roupinha colorida típica dessas lojas hippies e caras. Tinha cabelos alourados e unhas bem feitas. Neon ergueu as sobrancelha sarcasticamente e esboçou um sorriso. — Não estou fazendo piada. — Retrucou Quinn. — Olha, sei que é minha primeira vez como rastreadora, mas você não precisa agir desse jeito. — Continuou cruzando os braços sobre o peito como se Neon estivesse fazendo algum tipo de pirraça proposital para atrapalhar seu desempenho.
— Ok, madame. — Disse risonha e em seguida sinalizou para uma garçonete, que veio sem parecer muito feliz. — Mas antes, umas bebidas. Por favor, duas garrafas do seu pior chá gelado. — Pediu com um riso amarelo para a garçonete, que virou-se monotonamente e voltou pouco depois com duas uma jarra de vidro com gelo e umas rodelas de limão flutuando num líquidos âmbar. Neon serviu os copos que haviam sido colocados em sua frente e empurrou um na direção da loirinha. — Agora temos este delicioso chá de qualidade duvidosa, podemos continuar nossa conversa.
Embora Neon mantivesse um sorriso confiante, Quinn parecia séria e batia o pé nervosamente contra a haste de metal que sustentava a mesa.
— Neon, isto é sério. — Reclamou num tom urgente, inclinando-se na direção da morena. — Não é fácil o que tenho pra te falar! Na realidade é tão difícil que estou fazendo isso aqui por punição!
— Ok, calminha. — Neon levantou as mãos espalmadas num sinal de rendição, mas seus lábios ainda exibiam um risinho debochado. Não estava entendendo bulhufas do que a patricinha estava falando, mas devido aos recentes eventos, talvez precisasse ser um pouco mais atenciosa.. — Estou a todo ouvidos.
— Ok, só não me interrompa. — Quinn usou um tom tão pomposo naquela sentença que Neon teve que segurar o riso. — Você precisa saber a verdade sobre seu pai.
Ao ouvir aquela palavra, Neon endireitou a coluna e seu rosto já não exibia mais o ar levemente brincalhão de sempre. Seus dedos se fecharam ao redor do copo com tanta força que o anelzinho que tinha no indicador chegou a arranhar a superfície de vidro.
— Basicamente, sua mãe era uma mortal comum e foi cortejada por… Uhh, não tem uma forma boa de falar isso. — Ela titubeou. — Bom, eu imagino que coisas estranhas acontecem ao seu redor o tempo todo, certo? — Indagou levemente desesperada. Neon refletiu por um instante sobre sua vidinha ordinária. Na ponta da língua a resposta era “não”, mas no fundo sabia que já havia visto coisas estranhas se esgueirando pelos becos escuros enquanto andava com as garotas. E não era só aquilo, podia passar horas comentando sobre os rostos estranhos e criaturas humanoides que lhe encaravam e murmuravam coisas numa língua estranha, porém familiar. No fim das contas e com um nó na garganta, acenou positivamente.
Quinn prensou os lábios e buscou as mãos de Neon sobre a mesa. Uma atitude estranha e levemente invasiva, mas já era tarde demais para se afastar, então permitiu aquele contato desconfortável.
— Isso quer dizer que sua mãe foi cortejada por uma divindade. Sabe aqueles contos antigos sobre deuses e a religião grega e romana? — Parecia uma pergunta mas não houve espaço para resposta, Quinn continuou como uma metralhadora de informações num discurso ensaiado. — Não são apenas histórias, eles realmente existiram e tiveram filhos com mortais, criando assim pessoas como nós. Meio humanas…
— E meio… divindades? — Completou Neon, completamente perplexa e Quinn concordou.
— Este mundo não é seguro para nós. — Continou num tom urgente. — Existe um lugar em Nova Iorque onde podemos treinar, crescer e desenvolver nossas habilidades ao máximo.
Neon tinha o coração acelerado enquanto tentava assimilar toda aquela informação de uma vez só.
— Deixa eu ver se eu entendi. — Disse com muita dificuldade. — Meu pai é um deus, isso faz de mim uma meio deusa que precisa se mudar para um...Campo de treinamento para que nenhuma criatura me faça em pedaços?
— Embora o termo seja ‘semideusa’, sim. É basicamente isso.
Neon esperou que Quinn começasse a rir a qualquer segundo e anunciasse a pegadinha, mas não havia sinal algum de humor em seu rostinho de princesa, apenas um misto de urgência e desconforto.
— E-eu não posso ir pra Nova Iorque. — Foi o que conseguiu responder. Quinn suspirou e estendeu a mão para alcançar os punhos cerrados de Neon, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa o sininho da porta tocou novamente anunciando a entrada de um novo freguês. Ou melhor, quatro.
Noah e a trupe de idiotas adentraram no estabelecimento e se dirigiram com passos firmes para a mesa onde as meninas estavam. Quinn levantou puxando Neon pelo braço, colocava seu corpo na frente do da morena como se tentasse protegê-la de algo, o que seria engraçado em qualquer outra ocasião.
— VOCÊ TÁ MORTA, VISSER. E ESSA FRANGUINHA AI NÃO VAI TE PROTEGER— Berrou puxando novamente a faca da jaqueta e apontando para Quinn.
— ME MAMA. — Respondeu Neon no mesmo, e antes que qualquer atitude inteligente fosse tomada, pegou a jarra cheia de chá gelado e jogou na direção do rapaz. O vidro barato se espatifou aos seus pés e deu-lhe um belo banho, o que definitivamente o deixou puto. Foi a deixa para que Neon rebocasse Quinn pelo braço e fosse se afastando de Noah, que já era socorrido pelos seus fiéis brutamontes.
A balconista chegou para interromper a briga, mas ao ver a faca de Noah juntamente com seu olhar sanguinário, deu meia volta e saiu do estabelecimento. Noah esbravejou uma ordem qualquer que fez com que seus companheiros corressem atrás das garotas. Neon não era covarde, já tinha se metido em coisa pior e saido vitoriosa, mas alguma coisa em si gritava que naquele momento a melhor decisão era correr e se esconder. Era como se seu cérebro tivesse desligado e seu corpo agisse por conta própria.
— Olhe bem para eles, Neon. — Disse Quinn como se tivesse lido seus pensamentos. — Tente ver além do óbvio.
Sem entender muito o que havia sido dito, Neon estreitou os olhos e se concentrou no grupo a sua frente. Pouco a pouco os rostos humanos foram perdendo a forma, e como se finalmente uma imagem entrasse em foco, percebeu que aquele não era um caso de garotos grandalhões de escola pública cheios de ódio no coração. Eles tinham uma pele viscosa como a de um anfíbio, vasos sanguíneos e veias eram visíveis a olho nú numa derme arroxeada. Não tinham cabelo e seus olhos sem pálpebras eram vazios,, mas a pior parte definitivamente era a boca cheia de fileiras com dentes similares aos de um tubarão. Um deles apontou para Neon e arreganhou os dentes.
— Semideusa. — Disse numa voz que se assemelhava a uma porta de madeira muito velha se abrindo. — Sua carne é nossa.
— Cacete. — Murmurou Neon recuando uns passos. Uma das criaturas rosnou e partiu pra cima das garotas.
Num movimento rápido, Neon derrubou as mesas e cadeiras a sua frente e saiu correndo com Quinn em seu encalço, que puxava estantes cheias de produtos no caminho para atrasar os inimigos.
— Tem uma saída nos fundos. — Disse Neon com urgência. Em sua mente uma ideia começou a se formar, parecia incrivelmente estúpida e desnecessária, mas mesmo assim era a única saída.
Ao chegar na sessão de limpeza, próximo a saída de emergência do estabelecimento, Neon puxou do bolso um isqueiro e apertou o pequeno botão plástico, liberando as chamas azuladas. Sem pensar duas vezes jogou o apetrecho no chão e o fogo se espalhou como água nos líquidos inflamáveis.
— Vem, rápido. — Agarrou Quinn pelo braço e fechou a porta vermelha, deixando Noah e os monstrengos fritarem.
Enquanto corriam pelas ruelas, as chamas aumentavam atrás de si e não demorou muito até um grande estrondo ser ouvido, indicando que o fogo havia encontrado um vazamento de gasolina ou algo similar. Honestamente não queria saber. As duas continuaram correndo sem rumo até suas pernas sucumbirem a exaustão, então sentaram-se no meio fio da rua deserta. Ao longe o som da sirene do corpo de bombeiros soava rua abaixo.
— E agora?
— Bom, tem um ônibus que nos levará para Nova Iorque em poucas horas. — Informou Quinn. — De lá daremos um jeito.
Neon assentiu e respirou fundo tentando processar o que tinha acabado de acontecer. Sabia que precisava fugir. Se ataques como aqueles continuassem acontecendo, sua família e amigos não estariam seguros nunca e não iria demorar muito até que virasse comida de monstro.
A realidade doía muito, mas teria que abandonar Martina e seus irmãos naquela noite.
— Eu sei que é duro. — Quinn falou num tom solidário e colocando a mão num dos ombros de Neon. — Mas é o único jeito. E o acampamento é bacana, vão ter outros iguais a você e quando ficar forte poderá visitar sua família. Pode ficar tranquila.
Neon balançou a cabeça positivamente e voltou os olhos para o escuro céu de Detroit.
— Tudo bem. — Murmurou levantando-se e limpando a sugeira da calça. — Vamos acampar então. — Completou oferecendo a mão para Quinn, que levantou logo em seguida. E assim ambas tomaram caminho para a rodoviária em silêncio, deixando para trás um incêndio e toda a vida que Neon conhecia.
Neon Visser
Localização :
Somewhere
Idade :
24
Re: 一 A survivor
Hey, Neon! Bom, vamos conversar.
Eu adorei seu texto, de verdade. Você conseguiu me mostrar quem é Visser de uma forma extremamente natural e simples, conduzindo a narrativa de maneira que o texto ficasse dinâmico e de fácil compreensão.
Notei que você conseguiu conciliar tanto a história da personagem como a própria personalidade dela, de modo que seu texto ganhou um tom profundo e intimista. Sinto que conheço Neon melhor agora, o que mostra que você conseguiu trabalhar os elementos pessoais em sua obra de maneira primorosa. Há, contudo, uma série de erros durante o texto que acho importante ressaltar.
Às vezes você esquece das vírgulas, ou subtrai uma letra deixando algumas palavras incompletas. Outras vezes, você escreve uma palavra de forma errada — mas são erros pequenos, ainda que constantes, os quais seriam resolvidos com uma releitura antes de postar. Peço que tome cuidado com a cor das falas, pois você também esqueceu de tonalizar algumas orações de Neon. Logo, se você for colorir as falas da personagem, certifique-se de que todas estejam na mesma cor e tom.
Eu teria gostado de um combate mais detalhado e aprofundado com os antagonistas, mas acredito que você se saiu bem dando vida aos dilemas de uma semideusa iniciante.
Ademais, parabéns!
Coesão: 30 de 30 pontos obtidos
Ortografia: 10 de 15 pontos obtidos
Organização: 14 de 15 pontos obtidos
Subtotal: 94 *3
Total possível em uma MBP: 300 xp's e 75 dracmas
Total obtido: 282 xp’s e 70 dracmas
- 15 MP por esforço físico
Atualizado!
Apolo
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