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Ficha de Reclamação

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Ficha de Reclamação Empty Ficha de Reclamação

Mensagem por Atlas Ter Out 06, 2020 12:48 pm

Ficha de Reclamação
Sobre a fichaPara ser reclamado como filho de algum deus, você deve preencher a ficha de reclamação. São algumas perguntas simples que serão avaliadas de acordo com o sistema de avaliação do fórum (clique aqui). Vale lembrar que a avaliação de fichas para filhos dos 3 grandes (Zeus, Poseidon e Hades) é mais rigorosa. Isso significa que você, talvez, queira se dedicar à ficha (e principalmente ao quesito "história") mais do que se dedicaria à ficha de um semideus normal, para evitar a reprovação.

Abaixo, está a lista de deuses disponíveis para reclamação:


  • Afrodite
  • Apolo
  • Ares
  • Atena
  • Deméter
  • Despina
  • Éolo
  • Éris
  • Hécate
  • Hefesto
  • Hermes
  • Macária
  • Melinoe
  • Nyx
  • Perséfone
  • Phobos
  • Selene
  • Thanatos


Abaixo, está a lista de deuses disponíveis para reclamação com avaliação mais rigorosa:


  • Hades
  • Poseidon
  • Zeus


Sobre as recompensasCaso sua ficha seja aprovada, além de ser reclamado pelo deus escolhido, seu personagem ainda adquire qualquer arma do arsenal do acampamento, a ser escolhida por você na ficha de reclamação. A lista completa está disponível no Mercado de Armas (clique aqui).


Sobre as regrasAlém das regras gerais dispostas no seguinte link (clique aqui), vale destacar algumas outras:

1. Apenas para reforçar, lembramos a todos que para que o personagem seja reclamado, é preciso que o momento da reclamação aconteça durante a narração da sua ficha. A Riordan Wiki diz o seguinte sobre reclamação:
Riordan Wiki escreveu:"A reclamação ocorre quando uma divindade reconhece um semideus como seu filho, geralmente enviando um holograma de seu símbolo de poder para aparecer sobre a cabeça do semideus em particular."

2. Irregularidades na conta de seu personagem (como nome do personagem fora dos padrões do fórum) e violações das regras gerais do fórum poderão anular a sua ficha de reclamação. Certifique-se de que você está em situação adequada para com as normas do Olympus Fall, antes de postar sua ficha para avaliação.

3. Não é permitido plágio. Aqui, inclui-se qualquer situação em que o jogador reaproveite qualquer texto, seja na íntegra ou em trechos, escrito por outra pessoa, seja dentro ou fora do Olympus Fall. Caso ocorra, a ficha será anulada e o jogador será punido de acordo com o que for determinado pelos administradores e pelas regras gerais do fórum.

Copie todo o código disponibilizado a seguir, responda as questões e poste a ficha neste mesmo tópico. Depois disso, é só esperar pela avaliação. Boa sorte!
Código:
<style>#rlimerence .rcontainer {width: 700px; background: #fff; margin: 5px; box-sizing: border-box; padding: 25px 35px; font: 13px/22px Roboto; text-align: justify; color: #333333;} #rlimerence .rcontainer .rmain { display: inline-block; margin: 10px 10px; padding: 7px 25px; font: bold 40px 'Bangers'; text-transform: uppercase; color: #5d979f;} #rlimerence .rtexto { border: 1px solid #eee; padding: 20px;}#rlimerence .rtexto h4 { margin: 30px 0 15px 0; border-top: 1px solid #5d979f; border-bottom: 1px solid #5d979f; color: #333333; text-transform: uppercase; letter-spacing: .5px; font-size: 11px; line-height: 35px; font-weight: 700;} #rlimerence:after { content: "「R」"; font: bold 8px Consolas; color: #8e8e8e; text-transform: uppercase; letter-spacing: -.5px; opacity: .3;}</style><link href="https://fonts.googleapis.com/css?family=Roboto:400,500,700" rel="stylesheet"><div id="rlimerence"><div class="rcontainer"><center><div class="rmain">Ficha de Personagem</div></center><div class="rtexto"><h4>Qual o deus escolhido?</h4>Informe aqui o deus que você escolheu para ser o progenitor do seu personagem.

<h4>Arma inicial escolhida</h4>Cada semideus tem direito a escolher uma arma do arsenal do acampamento, para usar em suas primeiras aventuras, como um presente pela reclamação. Escolha uma das armas disponíveis np link ([url=https://olympusfallrpg.forumeiros.com/t43-mercado-de-armas]clique aqui[/url]) e cole a descrição dela aqui mesmo. Obs.: Arcos e bestas acompanham uma aljava com 50 projéteis.

<h4>Personalidade</h4>Conte-nos um pouco de seu personagem, o que o move, suas características marcantes, queremos saber tudo!

<h4>História/Momento da Reclamação</h4>Aqui, você é livre para contar a história do personagem, da forma que achar mais interessante. Não exigimos nada além do momento da reclamação, que acontece quando deus reconhece o semideus como seu filho, fazendo surgir sobre sua cabeça o símbolo do tal deus. Onde você estava quando isso aconteceu? Quem estava com você? Quais foram seus sentimentos e pensamentos? Não poupe detalhes, visto que esse é o ponto principal de avaliação da ficha. Para filhos dos 3 grandes, a ficha é mais rigorosa, então tente detalhar melhor a história de vida do seu personagem, as dificuldades de crescer como um semideus, de não saber quem é seu pai verdadeiro... Enfim, sejam criativos!</div></div></div></center>

MONTY
Atlas
Atlas
Deuses
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Cordilheira do Atlas

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Ficha de Reclamação Empty Re: Ficha de Reclamação

Mensagem por Afonzo Alighieri Sáb Out 17, 2020 11:56 pm

Ficha de Personagem

Qual o deus escolhido?

Poseidon.

Arma inicial escolhida

{Enlightment} / Gládio [O gládio é uma espada curta de 80cm feita de bronze sagrado. A lâmina possui dois gumes e se alarga ao se aproximar da ponta. Em essência, é uma arma feita para perfurar o oponente, mais do que realmente cortar. Leve e empunhada por apenas uma mão, a arma permite com facilidade o uso de escudos e outros objetos na mão livre. O cabo é de madeira e pomo é uma peça esférica de bronze sagrado que equilibra a arma.] {Bronze sagrado e madeira} (Nível mínimo: 1) [Recebimento: Arsenal]

Personalidade

Afonzo é, para todos os efeitos, uma pessoa bondosa. Tudo em seus gestos expressa carinho e simpatia: seu olhar é atento aos relatos pessoais dos outros, suas palavras são bem pensadas e sensíveis. Se você desabafar algo particularmente doloroso ao menino, ele vai segurar suas mãos entre as dele e te oferecer uma empatia grande, um abraço se a pessoa desejar. Alighieri sempre foi muito protegido: vivendo na mansão de sua tia em Siracusa, na Itália, nunca foi permitido andar muito longe de sua residência. Por consequência, o rapaz é inocente. Com idade de homem, sua mente e maldade são as de um menino conhecendo a vida — o que ele, de fato, é.

O italiano, apesar de uma boa pessoa, não tem um senso de justiça forte o suficiente para ser um herói. Não se imagina querendo mudar as estruturas do mundo, mas não se cala diante do que é errado: se ver uma pessoa em apuros, fará seu melhor para ajudá-la. Por causa disso, suas aventuras como semideus não são grandiosas, e é extremamente dependente dos outros requisitarem seu auxílio. E isto o leva a outra situação desconfortável... Porque tem dificuldade em dizer não. Então, quantas vezes seu pai pedir para arriscar seu pescoço, quantas vezes uma pessoa em apuros estiver sendo atacada por um monstro... Afonzo correrá em direção ao perigo, mesmo que não queira.

História/Momento da Reclamação


"Eis o novilho de Sirena,
Do sangue de Posidão,
Cujo mar de ondas serenas
Reside em seu coração

Pois do mesmo âmago
A cidade das águas encontrou um fim amargo
Afundou no novilúnio
Em um único dia e noite de infortúnio."

2014

Era verão em Siracusa quando um acidente paralisou a cidade: num dia quente e ensolarado, o céu da praia mais famosa da cidade fechou. A luz se extinguiu e o calor lentamente deu lugar ao frio: aos montes, banhistas saíam da água e se enrolavam em cangas e toalhas, tentando se aquecer — o que se mostrava inútil quando o vento gélido, vindo do mar, levou embora panos, chapéus e tudo que não estivesse muito bem seguro.

O pior não demorou para chegar, pois logo os turistas e cidadãos de Siracusa descobriram que a lufada fria era apenas uma mensageira do verdadeiro agente do caos. No horizonte, aproximava-se uma onda, muito maior do que qualquer um se atreveria a enfrentar. "Está muito longe", pensaram. "Não nos alcançará", pensaram. E quando menos esperavam, gotículas de água espirravam em seus rostos e cabelos. As gotículas logo se transformaram em gotas, e as gotas em jatos de água.

Quando a primeira pessoa se atreveu a olhar para trás e alertar os demais, já era muito tarde.

A onda se estendeu em direção aos céus, e caiu com a fúria de um deus perturbado.


— Não tem 3 horas desde que a Grande Onda atingiu a costa de Siracusa. — A jornalista dizia. Ela e sua equipe, junto de algumas ambulâncias e pouquíssimos sobreviventes, eram as únicas almas vivas do lugar. — Esta região da cidade se encontra praticamente inundada ainda. A prefeitura ainda não tem uma previsão para toda a água ser drenada. Os especialistas estão chegando agora. — Enquanto falava para a câmera, dois carros da prefeitura da cidade chegaram, falhando em procurar um lugar com menos água para estacionar.

"Não se sabe o que causou a enorme onda que deixou mais de 150 mortos e 20 feridos.", a jornalista prosseguiu com a reportagem. "O departamento meteorológico também... O que foi, Lorenzo?", o cameraman se desconcertou, quase deixando o equipamento cair. Em seu rosto, havia uma expressão de puro susto. A jornalista tentou fazer todos os sinais possíveis de "corta" e "comercial", mas Lorenzo se encontrava em choque.

Bufando, a mulher finalmente resolveu olhar na mesma direção que seu colega de trabalho. Não estavam muito longe da praia — o do que foi uma, há apenas algumas horas. A água estava alta o suficiente para engolir o quebra mar, e chegava um pouco abaixo do joelho das pessoas no asfalto. No entanto, de alguma forma, lá estava, um círculo de areia onde a água batia como se só naquele espaço, a praia tivesse voltado ao normal. O mais assustador, contudo, era o que estava dentro da região: uma pessoa. "Isso é material de promoção. É reportagem de primeira qualidade", foi a primeira coisa que a mulher pensou, tirando a câmera das mãos de seu colega ainda embasbacado e assumindo o papel de jornalista e cameragirl.

— Aqui é Antonella, peço desculpas pela intromissão em nossa programação. — A animação em sua voz era palpável. Focou a câmera na direção do rapaz na praia. — Acabamos de encontrar um menino deitado na praia, num espaço estranhamente aberto após a tsunami que abalou Siracusa. — Antonella andava em passos largos em direção a pessoa desconhecida. Um dos paramédicos percebeu a agitação da repórter e resolveu ir atrás dela de forma discreta. — Ele parece ter 14 ou 15 anos — ela dizia conforme se aproximava — e usa roupas... Que não são dessa época?

De repente, sentiu alguém empurrar seu ombro. Segurou a firme a câmera, sem perder um segundo de filmagem do menino desacordado. Quando viu, tinha um homem — um paramédico — ajoelhado ao lado do desconhecido, checando seus sinais vitais.

— Pode tirar essa câmera daqui? — O paramédico disse, ríspido, e logo depois assobiou e acenou para chamar os colegas de equipe. — Tem uma pessoa com a vida em risco!

Pessoa? — Antonella foi rápida em responder, mas se lembrou que estava ao vivo. Pigarreou, e voltou a assumir sua pose de repórter. — Aqui vemos os paramédicos socorrendo o menino misterioso. Eu repito, esta faixa de terra não estava disponível há poucos minutos atrás. — Tentou dizer a última frase para amenizar seu comentário inicial.

O paramédico rapidamente começou uma massagem cardíaca, levando as mãos em direção ao centro do peito do menino. Tentou por um minuto, e nada. Por 3, e o coração do rapaz aparentemente permanecia parado. Antonella se preocupou quando já havia se passado quatro minutos e o menino desconhecido ainda não tinha acordado. Será que a minha demora causou sua morte?

A ansiedade subia de seu estômago para sua garganta, e de sua garganta para sua boca, quase provocando um vômito com a culpa. Quando outros dois paramédicos resolveram afastá-la da cena, Antonella viu o mindinho do rapaz se mexer. E depois os pés, e as mãos, os braços e pernas, e merda, ele tá tendo uma convulsão. A repórter não teve escolha, os outros dois paramédicos rapidamente afastaram-na da cena, tão brutos que quase caiu sentada na areia. Não gostava daquilo, mas era obrigada a dar o espaço necessário. Estava perdendo a reportagem da sua vida!

Deu alguns passos para trás, procurou o melhor ângulo e ajustou o zoom da câmera. Conseguiu uma ótima imagem do rosto do rapaz. Não podia perder aquela chance.

— Continuando nossa reportagem, os paramédicos tentam agora conter o menino que se debate! De onde será que ele veio? E, mais importante, porque a terra ao seu redor não estava inundada?

Passaram-se mais alguns minutos desde que a convulsão começou, e finalmente ela parava. O corpo do menino relaxava nas mãos dos paramédicos, e finalmente um deles se separou do grupo para buscar uma maca. Enquanto isso, o primeiro paramédico, o que pediu para Antonella desligar a câmera, aproximava-se a passos largos da jornalista, furioso, e a repórter tinha certeza que inteira não sairia daquela situação, até que chamaram pelo nome de seu possível agressor ao fundo.

— Luca! Venha, o menino está acordando.

Por sua câmera, Antonella viu o menino abrir os olhos. Resolveu prosseguir com sua reportagem.

— Rapaz? Ei, rapaz! — O socorrista com ele tentava chamar sua atenção. Demorou alguns segundos até que olhos do desconhecido focassem na pessoa lhe chamando. Parecia perdido. — Qual seu nome? Eu sou paramédico, vou levá-lo para o hospital.

— Afonzo. Afonzo Alighieri.

E Antonella pôde jurar que viu o mar finalmente brilhar e se acalmar ao som da voz melódica.


Antonella queria permanecer por perto, mas em tempo, a bateria de sua câmera acabou. Deixou a cena principal, onde os paramédicos cuidavam do rapaz na ambulância, e caminhou até a van onde Lorenzo a aguardava. O homem já se encontrava no seu estado normal, o choque tendo passado. Havia um certo quê de preocupação em seu olhar, também.

— Que cara é essa, Lorenzo?

O homem fez uma expressão indignada, como se ela tivesse dito algo de errado.

— Antonella, é um menino. Ele está bem? — A jornalista quis revirar os olhos diante da preocupação do outro. Como ele poderia ter a mente tão pequena?

— Se ele está sendo cuidado por uma equipe de paramédicos... — Resmungou, mas o olhar insistente de Lorenzo fez com que ela se irritasse e falasse de forma não pensada: — Ah, pelo amor de deus... Ele apareceu com a onda! Estava na praia jogado, acordou convulsionando... Ele não é uma pessoa normal! Por que tanta preocupação?

Antonella viu o olhar indignado tomar conta da expressão de Lorenzo e se preparou para a discussão. Ela sabia que o molenga de coração frágil ia se preocupar com o rapaz, ao invés de querer investigar. No entanto, antes que ele pudesse retrucar, o celular a jornalista tocou.

Estranho, foi a primeira coisa que pensou. Normalmente só ligavam quando eles se atrasavam para chegar na sede da empresa após uma reportagem ao vivo. Não era o caso. O horário da transmissão havia se encerrado há algum tempo, mas ela havia passado uma mensagem para seu chefe que tinha dito que tudo bem, eles podiam gravar mais material. Antonella olhou o identificador de chamadas antes de atender, não reconhecendo o número — mas aquele era seu telefone do trabalho, nenhuma outra pessoa deveria ter aquele contato, a não ser seus colegas de equipe e chefe.

— Alô?

Silêncio. Antonella tentou mais uma vez, e o outro lado da linha permanecia mudo.

— Olha só, se você não for respond-

— Você não vai publicar nada do que foi filmado hoje. — Uma voz fria, modulada, começou a dizer. — Sua transmissão foi cortada. Sua filmagem foi deletada. Não mexa com o que não conhece.

Silêncio novamente. E finalmente, a chamada caiu.


Quando chegou na sede da empresa, verificou a memória da câmera que utilizou nas filmagens. Tudo depois que Lorenzo parou de filmar estava corrompido.


2020

Naquele dia, o mar amanhecera revolto.

Afonzo observava as ondas baterem violentamente contra a areia da praia pela janela de seu quarto. A cada ciclo de vem e vai das ondas, sentia seu coração inquietar-se um pouco mais, gradativamente, e sabia que, uma hora, o incômodo seria demais para ignorar. O rapaz — homem, pensou em se corrigir, mas não sentia-se como um — tinha plena consciência do que o perturbava, entretanto, não encontrava em si a coragem para questionar sua tia.

Tia Francesca. Que depois de tantos anos e um reaparecimento misterioso, ainda assim o acolheu. Seu estômago se revirou com o pensamento de pressioná-la para mais respostas. No entanto, não sentia justiça em suas ações: deixava o sobrinho no escuro, sem informações sobre os pais, sem mesmo uma foto...

Do lado de fora, o mar revolto bateu com força contra a lateral da casa. Afonzo precisava se acalmar.


Duas horas depois do amanhecer, tia Francesca acordou. Afonzo já sentava-se à mesa, terminando seu café da manhã quieto. Alegremente, a mulher preparava seu pão com geleia e fazia café fresco. O menino detestava café; o gosto amargo lembrava-lhe algo... distante, porém ruim. Não conseguia dizer exatamente o que era.

Esperou sua tia também sentar-se a mesa com uma expressão meio complacente. Sentia um aperto no peito em causar desconforto a mulher, e, por um momento, contemplou a ideia de deixar toda aquela história de lado. Não precisava saber sobre seus pais. Não precisava como morreram e, principalmente, porque apareceu na praia logo após um enorme tsunami.

Não, chega disso. Eu tenho direito de saber!

— Tia. — Começou, gentil, pigarreando. Ainda estava incerto sobre o que perguntar exatamente. — Meu aniversário se aproxima. Sei que ainda está distante, mas... — Mordeu o lábio. Decidiu que seria direto, e acabaria de uma vez com aquele sofrimento. — Tia, eu já sou adulto. Já vou fazer 19 anos, e quero; não, tenho direito de saber o que aconteceu com meus pais. — Quando a mulher levantou o olhar de seu café da manhã, preocupada, Afonzo soube que tinha sua total atenção. Sentiu-se péssimo por estragar uma refeição perfeitamente pacífica. — Aquele dia, do tsunami, você prontamente apareceu na delegacia e me resgatou, me adotou legalmente, e toma conta de mim até hoje. Mas você nunca me disse o que houve com meus pais. Eu sequer sei qual deles era seu irmão ou irmã!

Tia Francesca engoliu o pão em seco, sem beber de seu café depois disso.

— Eu sei, meu menino, que tenho sido injusta... — A mulher começou. Seu rosto deveras envelhecido para sua idade demonstrava compaixão. Afonzo, já inclinado a compadecer-se pelos outros, sentia-se ainda pior por causar incômodo a uma senhora tão gentil quanto sua tia. — Que eu deveria ser mais sincera com você, pois nossa história é nosso direito, mas...

Mas?

— Há segredos que não cabem a mim dizer, minha criança.

Afonzo era um homem, mesmo que não se visse como um, de quase dezenove anos. Esta informação pesou em sua mente quando ouviu as palavras de sua tia Francesca. Segredos, segredos e segredos. Há mais de seis anos desde que foi achado, vivia no escuro. Era órfão, e sem memórias, e sem fotos da família. Sentia-se só. Diferente. Os outros órfãos da escola que frequentou pelo menos tinham alguma coisa de seus respectivos pais. Sentiu o rosto contorcer-se em uma expressão triste e, ao perceber o olhar de compaixão de sua tia, soube que ela também percebeu.

— Uma a verda-

— Eu estou cansado, tia! — Explodiu, imediatamente se arrependendo, mas era tarde demais para parar. A raiva subia por seu coração, colorindo seu pescoço e rosto de vermelho. Do lado de fora, uma onda forte quebrou contra a areia em um estrondo. — Cansado de esperar, de segredos. Como saber sobre meus pais pode ser um segredo? Como isso não cabe a você?! Você foi a delegacia, você me acolheu. POR QUE VOCÊ NÃO ME CONTA A VERDADE?! — Sabia que havia gritado, sabia que tinha sido grosso e injusto com sua tia.

Afonzo sabia.

Não podia olhar no rosto de tia Francesca naquele momento.

Por isso, pegou sua jaqueta, chaves de casa, e saiu.


Ainda era dia, então Afonzo sentiu-se seguro para ir até o porto da cidade. Sabia que o local estaria repleto de comerciantes naquele horário, mas não se incomodou. Desde que não fosse abordado por ninguém, ficaria bem.

Antes de sentar-se no cais, cumprimentou um único pescador que tinha sua barraca pouco privilegiada, então não havia muitos clientes para ocupá-lo e fazer o menino passar por despercebido. Somente o aceno e o sorriso direcionado ao homem humilde já havia drenado parte das forças do rapaz; não se sentia como ele mesmo depois de brigar com a tia. Afinal, desde que fora resgatado, não foi nada além de um bom menino: frequentou a escola sem falta até se formar, ajuda com as tarefas de casa e é gentil com as pessoas na rua. Não era de seu feitio gritar. Não era de seu feitio explodir, se sentir no direito de qualquer coisa.

Sua tia tinha razão. Seus pais eram pessoas antes de terem um filho, antes de morrerem. Uma sensação amarga se instalou no fundo de sua boca, e um incômodo fez seu coração bater mais rápido. Tentava, de todas as formas, se convencer de que era uma boa pessoa. Contudo, não conseguia fugir da contrariedade que seu próprio corpo se impunha toda vez que refletia sobre o assunto.

Abaixo de si, o mar novamente se revoltou.

— SOCORRO! SOCORRO! Alguém me ajude! Socorro!

Para aumentar ainda mais a amargura no coração de Afonzo, os gritos pouco preocuparam ao rapaz. A primeira coisa que pensou foi que a inquietação do mar pode ter assustado alguém — provavelmente uma criança, dada a voz fina que ouviu. Olhou com tristeza para a água, forçando seu coração a se acalmar. Quando seus batimentos estavam normais, ouviu novamente.

— Socorro! Ela vai me comer!

As sobrancelhas do rapaz se retorceram numa expressão incrédula ao ouvir a segunda parte dos gritos. Finalmente resolveu virar para trás e olhar para a faixa de areia com mais atenção. Quando não encontrou nada, nem mesmo um banhista desgarrado, seus olhos naturalmente navegaram até a gruta que se formava ao final da praia, e cuja visitação era proibida pelos salva vidas. Exceto...

Exceto que uma garotinha tropeçava ao sair dela. Só esta visão foi o suficiente para fazer Afonzo levantar-se. Contudo, só começou a correr quando o inexplicável aconteceu: uma aranha saiu da mesma gruta. A princípio, tudo parecia plausível: uma menininha com medo de uma aranha que mora em locais escuros. Mas... Aquilo não era uma aranha normal. Não pode ser real, isso não pode estar acontecendo, Afonzo pensava enquanto corria.

O menino se aproximava da criança a mesma medida que a aranha, sendo que a diferença era que o monstro estava muito mais perto. A cada metro que percorria, Afonzo tinha uma melhor percepção da criatura: deveria ter, no mínimo, um metro de altura. Suas quelíceras eram tão grandes, e seu veneno tão viscoso, que não era necessária grande aproximação para saber que um toque, uma mordida, seriam letais.

O coração do rapaz parecia não bombear sangue suficiente para seu corpo, e ameaçou parar quando a aranha armou um bote. A criança, prestes a ser vítima, ainda estava caída, amedrontada demais para levantar. Onde, onde que eu já senti algo assim...? O pensamento invadiu a mente de Afonzo, mas não havia tempo para pensar. Estava prestes a perder a menina, ele nunca se perdoaria se deixasse a garotinha morrer, então....

Afonzo se jogou. Quando estava perto o suficiente, deu um pulo e se jogou entre a menina e a aranha, usando seu corpo de escudo enquanto gritava com a menina para que ela se levantasse.

— Levante-se! Levanta agora! — Disse, exasperado, rezando para que não assustasse ainda mais a garotinha. — Você precisa sair daqui! Eu vou distrai-la enquanto você corre e chama ajuda. Tem um pescador ainda perto do cais, peça para que ele ligue para a poli-

Antes que pudesse terminar a frase, a aranha atacou. Por sorte, Afonzo conseguiu agarrar a menina, que não deveria ter mais do que 8 ou 9 anos de idade, e desviou da investida do monstro. Ilesa, a garotinha não pestanejou em fugir daquela vez. O rapaz só rezou, a qualquer deus que estivesse ouvindo, que ela trouxesse a ajuda necessária.

— Ah, esses novatos. — A curiosidade quase se sobrepôs ao desespero que Afonzo sentia quando ouviu outra voz feminina, mas desta vez, menos infantil. — Foi só eu me atrasar um pouco que um amador quase roubou meu trabalho?

E enquanto desviava a muito custo de mais uma investida da aranha, ralando o joelho numa pedra no processo, o rapaz pôde ver: de pé nas pedras que formavam a gruta, uma menina de longos cabelos ruivos, de no máximo 15 anos. Em suas mãos, havia uma grande lança, grande demais para seu tamanho e, quiçá, grande demais para o próprio Afonzo!

— Saia daqui! Esta criatura é perigosa! Você vai se machucar, chame ajud-

Afonzo pôde ouvir o desprezo na voz da desconhecida quando ela retrucou:

— Quem tem que sair daqui é você. — Sem medo, a garota ajustou a lança em suas mãos e pulou das pedras, mirando a lâmina de sua arma na cabeça da aranha. Incrivelmente, ela acertou. — SAI! SAI AGORA! É agora que minha diversão começa.

Não demorou muito para que Afonzo percebesse que quem quer que fosse, a menina sabia o que estava fazendo. Talvez, pensou consigo mesmo, eu só atrapalhe ficando aqui. Começou a se afastar lentamente, para não chamar atenção da aranha, e quando pensou em correr até o cais para pedir ajuda, sua salvadora pareceu ter lido sua mente.

Não ouse chamar ninguém!

O menino, então, procurou pedras e galhos soltos onde era seguro se aproximar, e tentou jogar na aranha como alguma forma de ajuda. Obviamente, não foi bem sucedido. Ao invés disso, a menina, após retirar sua lança da cabeça da aranha, conseguiu dar mais duas estocadas em seu corpo, rolou para debaixo da criatura e espetou novamente a lâmina da arma, desta vez no ventre do monstro. Usando uma força que Afonzo não julgava ser capaz de uma menina de 15 anos possuir, ela virou a aranha de cabeça para baixo. Com um último golpe, decapitou o aracnídeo.

Suja de sangue e cansada, ela ainda foi capaz de apontar o que Afonzo estava muito cego para perceber.

— Parece que alguém é um cabeça de alga — ela disse, apontando para cima da cabeça do rapaz.

Num avatar gigante, brilhante, um tridente verde flutuava acima de sua cabeça.


Afonzo ajudou a menina, que descobriu se chamar Maxine, a achar um banheiro público e uma ducha para se limpar melhor. Ela foi simpática o suficiente para explicar que o símbolo em sua cabeça significava que ele era filho de Poseidon, que a aranha gigante era um monstro e que a menininha que ele salvou, provavelmente, também era uma semideusa. A palavra dançava de forma estranha em sua língua. Nunca se sentiu especial de forma alguma, nem mesmo diante das circunstâncias de seu aparecimento.

A meio-sangue — outra palavra estranha usada pela menina — disse que estava em missão pela Itália e que não poderia perder muito tempo com ele. Afonzo se ofereceu para ir junto, mas foi recusado. "Você não é forte o suficiente para isso", ela disse, e o menino se sentiu desafiado de alguma forma. Talvez fosse só a aura incitadora de Maxine; não sabia dizer. Ela também lhe deu um número de telefone, e nesse momento suas bochechas se coloriram de um tom avermelhado. Alighieri sorriu educado em resposta, e agradeceu. A ruiva lhe disse para ligar somente daqui uma semana, que é quando a missão acabaria, e ela não gostava de interrupções durante seus trabalhos. Por fim, despediram-se, e o último conselho de sua salvadora foi conversar com a família.

Não vai ser uma tarefa fácil..., pensou amargo, e logo se arrependeu de ter uma imagem tão ruim da própria tia.


Caminhou em silêncio até em casa, repassando o mesmo discurso uma, duas, cinco e fez vezes na cabeça. Parecia que a situação da manhã se repetia, mas agora, fazia a rota inversa. Novamente, rezou em silêncio, esperando que não encontrasse outra aranha gigante.

Sua tia o recebeu com uma expressão de alívio, e os olhos de Afonzo se encheram de lágrimas pelo arrependimento. Sabia que sua tia o amava e só queria seu melhor. Se não fosse assim, não teria sido adotado.

— Afonzo, meu querido... Estou tão aliviada. — Tia Francesca o abraçou por bastante tempo até soltá-lo. Como de costumo, o rapaz achou engraçada a afeição exagerada da tia. — Nós podemos conversar se quiser. Podemos fazer o lanche, o que você quer?

O semideus — era difícil pensar sobre si mesmo com aquela palavra, mas queria se acostumar a uma nova realidade — permaneceu em silêncio por vários minutos. Tia Francesca havia se oferecido para conversar, mas até que ponto estaria disposta a falar? Afonzo queria respostas, e não mais mistérios, não mais estresses.

— Você não vai acreditar, tia — mordeu o lábio antes de continuar a falar. Como explicar tudo que aconteceu naquele dia? — Mas hoje, eu salvei uma menina de uma aranha gigante. E depois, outra menina me salvou da mesma aranha,

Em detalhes, explicou como sua manhã se passou. Para sua surpresa, em nenhum momento tia Francesca piscou ou sequer considerou duvidar da palavra de seu sobrinho. Ouviu atenta até a última palavra do relato, o que incomodou o meio-sangue. Como que sua tia, que não passou por aquilo, podia estar agindo com tanta naturalidade?

— Finalmente, meu querido Afonzo... — Lágrimas invadiram os olhos de sua tia. — Finalmente posso tirar esse segredo de meu peito. — Tia Francesca puxou um lenço do bolso de sua camisa e limpou os olhos. — Maxine, a menina que te salvou, correto? — Afonzo acenou, confirmando. — Ela não mentiu em nenhum momento. — Havia ódio na voz de sua tia quando ela continuou a falar. — Seu pai, aquele, aquele deus maldito engravidou sua mãe, minha irmã, e abandonou há quase 19 anos. Pietra, ela estava apaixonada demais, e jurava que se mantivesse a gravidez e cuidasse bem de você, seu pai retornaria. — Tia Francesca cerrou os punhos, respirou fundo, e os soltou. — Há seis anos, em 2014, ela disse que havia tido um sonho profético, e que seu pai queria conhecê-lo. Ele estaria esperando vocês numa ilha no meio do Mar Tirreno. — Novamente, lágrimas invadiram seus olhos. — Eu implorei para que ela não fosse. Mas no meio da noite, ela pegou você e meu iate, e seguiu viagem. Quando vocês não retornaram, foram dados como desaparecidos. E depois, como mortos. — Agora, tia Francesca realmente chorava. Afonzo segurou suas mãos, demonstrando apoio.

"Eu não sei porque aquele monstro do seu pai não salvou vocês, porque ele demorou tanto para te trazer de volta..." Ela soluçou. "Mas, na noite em que você retornou, ele me visitou em sonho. Me pediu para guardar segredo sobre você, sobre ele e sua mãe, até que ele escolhesse o melhor momento. Eu tive medo, Afonzo. Eu tive medo de desafiar um deus. Me perdoa, meu querido Afonzo."

— É claro que eu perdoo, tia — Estava catatônico diante das revelações. Não conseguiu se forçar a dizer muito mais do que aquilo. Portanto, se contentou em simplesmente abraçar a tia e consolá-la enquanto a mulher chorava.

Em seu coração, sentiu um alívio fresco como menta se instalar. Finalmente sabia a verdade! Finalmente sabia quem era seu pai, e melhor ainda, foi reconhecido por ele! Não podia estar mais. Deveria estar mais feliz.

Ao passo que estava alegre, a inquietação no seu estômago crescia. Preciso falar com Poseidon.

Naquele dia, o mar não se acalmou.
Afonzo Alighieri
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Mensagem por Afrodite Dom Out 18, 2020 12:14 am

AFONZO ALIGHIERI
Avaliação
Olá, seja muito bem vindo ao Olympus Fall. Espero que sua jornada seja tão  fascinante quanto sua ficha – preciso dizer que ela elevou muito minhas expectativas.

Você apresentou um personagem fácil de ser lido. Ele é doce, carismático, tem reações que combinam com as incertezas e desventuras que compõe a vida de um semideus. Mas, apesar d’ele ser fácil de ser gostado, é difícil narrar com tanta habilidade.

O que mais se destacou em sua narrativa foi a coerência com a qual você introduziu Afonso. Foi suave, bonito de se ler. Arrisco dizer que até... poético. Portanto, não vejo motivos para me prolongar na sua avaliação. Espero ler mais sobre o cabeça de alga em breve! Parabéns!

reclamado como filho de Poseidon



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Mensagem por Colco Velásquez Seg Nov 02, 2020 9:05 pm

Ficha de Personagem

Qual o deus escolhido?


Phobos.

Arma inicial escolhida

{Rogue} / Lança [A arma feita de madeira tem 160 centímetros e uma ponta triangular feita de bronze sagrado. A lança, além de perfurar de uma distância segura para o combatente, também permite arremessos que, a depender da habilidade do usuário, podem fazer um bom estrago no adversário.] {Bronze sagrado, madeira} (Nível mínimo: 1) [Recebimento: Arsenal]
Preço: 65 dracmas.

Personalidade

Um mentiroso de primeira, Colco tem a habilidade de inventar todo e qualquer tipo de história possível para se dar bem, nunca espere honestidade dele, é bom demais no que faz para isso. As pessoas que o conheciam lhe comparavam com uma hiena, traiçoeiro e oportunista, seus olhos e sua risada sarcástica também o ajudam a se assemelhar a uma.

Tem traços delicados e infantis, mas no seu caso não se pode ter o descuido de ser levado pelas aparências, o seu interior é uma caixa de surpresas, se girar a sua engrenagem um palhaço pulará em você. Ou uma bomba.

Como filho de Phobos, ele se sente bem ao por os outros contra seus medos e fobias, de forma não saudável. Coisas como trancar pessoas que têm medo de escuro em um local sem iluminação e colocar aranhas na cama de um aracnofobico eram algumas das peças que Colco mais pregava em sua infância. Não entendia muito bem o sentimento por sua ingenuidade infantil, mas se sentia cada vez mais e mais intrigado por ele.

Isso o fazia todos se afastarem, e com razão, não que o mesmo se importasse no final das contas, viveu sem nunca ter experimentado o calor materno ou o vigilo paterno, estar só ou não não fazia diferença para ele. Só precisava de si próprio e ninguém mais, era o que pensava até então.

Mas isso não significa que ele não poderia se relacionar, se criasse laços com alguém, então seria fiel a amizade desta pessoa até o fim, até porque tal ato era tão raro quanto um eclipse lunar. Prefere chamar de “parceiros de crime” do que amigos.

Seu cabelo sempre está cortado na metade da nuca e em cima um meio rabo descuidado, raramente deixa sua raiz escura aparecer. Prefere optar por roupas pretas e simplórias, não para parecer discreto, mas para se camuflar em lugares mais escuros.




História/Momento da Reclamação

25 de Dezembro – Cidade do México

Em uma tarde cinzenta de Dezembro, os corredores gélidos e parcialmente vazios do pronto-socorro local foram rapidamente ocupados em um disparado empurrão de portas: uma mulher alta com seus cabelos enrolados em um coque malfeito aparecera subitamente empurrando a maca que acomodava seu paciente, que parecia agonizar enquanto segurava com força um de seus braços.

Nas festas de fim de ano a aura melancólica de dor e medo presentes em um local como aquele pareciam aumentar sua intensidade, assim como a solidão e a falta de esperança, o clima daquele dia os representava melhor que nunca. Só de estar ali traria arrepios a qualquer um em seu lugar, mas Yuuki tinha que fazer o que deveria ser feito.

-  Seu corte não foi tão profundo como imaginávamos, mas teremos de fazer um procedimento cirúrgico. Fique comigo, ok?! Vamos... Pense em como os seus filhos vão ficar felizes em te ver quando sair daqui.

A mulher asiática continuava a tentar distrair o homem de idade com palavras reconfortantes, o que de algum modo estava funcionando, e então ele foi rapidamente levado para sala de cirurgia junto de outro profissional.

Uma outra figura observava tudo ao longe sentado em uma das alas de espera. Depois de dar um longo suspiro e relaxar seus músculos com um alongamento, Yuuki levou um pequeno susto com a presença de companhia no corredor.

- Olá! Foi mal, não te vi aí, está esperando alguém? Não acho que temos mais algum paciente recebendo visitas no feriado.

O homem respondeu com uma expressão gentil antes de se levantar para poder cumprimentá-la corretamente. – Na verdade, eu estava de passagem e me peguei admirando o seu trabalho, me desculpe pela intromissão. E não, eu não estou esperando ninguém.

- Uau, que abordagem mais descarada. – Riu.– De onde eu vim não é muito comum chegar nas pessoas assim, mas eu agradeço pela gentileza. Tenha um feliz Natal e ano novo! – A mulher se curvou em um ato cultural e logo se virou.

- Espera! Não quer vir tomar alguma coisa na praça de alimentação? Você parece cansada, ou eu posso trazer algo se preferir. – O homem lhe chamou a atenção em um tom afobado, como se tivesse acabado de ver uma deusa em sua frente e não poderia perdê-la assim tão facilmente.

- Me desculpa mas o meu trabalho não termina aqui, se quiser me encontrar algum outro dia ou sei lá, pode pegar meu número na recepção. – A médica sorriu suavemente e finalmente se foi, deixando para trás a figura masculina sem reação.

- Por que um homem daqueles estaria de passagem em um hospital no Natal? – Pensou consigo mesma e acabou soltando uma risada. – Que loucura, bom, que seja.

Algum tempo se passou desde então, ambos se encontraram de novo, e de novo, e de novo... E assim continuariam por muitos meses, até decidirem oficializar seu relacionamento. Tudo caminhava bem, bem até demais, era o que Yuuki pensava, dado seu histórico catastrófico de relacionamentos, mas como sempre há calma antes da tempestade com ela também não seria diferente, afinal, a mesma não sabia que estava grávida. E nem que seria o próximo filho de um Deus.

02 de Novembro, 16 anos depois – Cidade do México

Mais um ano que a cidade celebrava o feriado dos Mortos, por mais que os céus se partissem no meio nada impedia as pessoas de realizarem suas cerimônias e praticarem suas crenças, é um feriado muito respeitado por todos independentemente de suas religiões. Esse dia do mês de Novembro também representava muitas coisas para a pequena família mexicana japonesa que um dia também vivera ali.

Um quarto escuro e com uma aura fúnebre abrigava um jovem garoto com os seus cabelos recém-descoloridos e expressão melancólica enquanto lia qualquer coisa empoeirada que havia em seu pequeno aposento.

- “O medo é o maior inimigo dos sonhos.” Mas é claro...que previsível. Um livro de autoajuda, é óbvio que ela teria coisas desse tipo por aqui. – Bocejou, largando o objeto no chão e se pondo a fitar a chuva furiosa que caía pela janela.

O garoto fora criado num orfanato local e depois que completou 14 anos foi levado para morar com uma universitária a qual Colco alega ter salvo a vida diversas vezes. E assim, criaram um laço que fez a moça se sentir no dever de dar um lugar para o mesmo morar, em troca ele trabalharia com ela nos fins de semana em seu pequeno ateliê.

Dessa forma pode se tirar a conclusão que Colco era uma pessoa amigável e prestativa, pelo contrário, desde criança seu histórico no orfanato não era nada bom, foi “retirado” antes da hora por quase ter levado uma criança a óbito, sua diversão era ver todos agonizando por seus medos bobos, sejam crianças ou as pessoas que lá trabalhavam. Não sabia o por quê disso, só que fazia seu extenso vazio se preencher por alguns minutos, como se todos seus pontos de interrogação sumissem, ou melhor, fossem esmagados por gritos de desespero. Não se considerava uma pessoa corajosa para tirar sarro dos outros mas também não tinha uma ideia definida de medo real, na verdade queria senti-lo, o mesmo que provoca reações tão intrigantes nas pessoas. Seu fascínio apenas cresceria ao decorrer dos anos.

Mal teve a oportunidade de conhecer seus pais, sua mãe morrera no parto, seu pai, bom, nunca sequer soube de seu real paradeiro. Tudo o que tinha eram algumas fotos de sua mãe e uma carta misteriosa que ele só poderia abrir no seu aniversário de dezesseis anos que nem ele mesmo sabe o por quê de não tê-lo feito antes.

Colco cresceu nutrindo nada além de ódio pela sua figura paterna, não poderia acreditar que nasceu de um ser tão covarde, como ele pôde deixar sua mãe e ele a mercê e simplesmente desaparecer? Também nunca fez questão de procurar pelo mesmo depois de grande, não achava que valia a pena. Preferia viver sem ter o vislumbre de quem pensava ser o antagonista de sua história.

- Colco, compras. – Uma voz feminina ecoou na sala. – Meu Deus! Como você não morreu sem ar nesse quarto todo fechado? – Disse a mais velha batendo o livro que lia em sua cabeça para que despertasse.

- Aí! Não sou eu que pago a luz para gastar atoa, deveria me agradecer, ou vai ficar cheia de rugas. – Pegou um de seus casacos e saiu dali rapidamente.

- Esse garoto... – A mulher deu um longo suspiro e deixou o lugar logo após.


Os céus pareciam chorar, não um choro melódico e tristonho, mas um grito raivoso, como se debulhasse tudo que guardava em si sob aquelas pessoas inocentes.

O garoto andava pelas ruas com uma posição relaxada, volta e meia cantarolando e ajustando seus passos com o ritmo, usava um rabo de cavalo preso com muito esforço devido o comprimento de seus cabelos que também pareciam se mexer com a música. Estava tão absorto em seus próprios pensamentos que mal percebeu uma criança vindo em sua direção, logo o fim da história foi previsível, a mesma trombou em si e perdeu seu precioso sorvete.

- AHHHHHHHH! Agora você vai ter que pagar outro para mim, seu feio! – A criança choramingava segurando firmemente seu pulso.

O mais velho não entendeu a situação, mas pensou que seria divertido tirar algum proveito daquilo.

- Qual é, olhe para os lados, está cercada por esqueletos e acha que pode ser tão mal educada com alguém mais velho? Se eu fosse você não olhava debaixo da cama pelos próximos 15 anos. – Disse com um sorriso enquanto via a criança sair chorando para o colo de sua mãe. – Que sujeira. – Pensou consigo sobre si.

Depois de fazer o que tinha de ser feito para sua amiga Colco voltava para a casa sem alguma preocupação ou remorso, quando foi pego de surpresa por um aperto no peito e calafrios que corriam por todo o seu corpo, estaria tendo um infarto precoce? Mas não sentia seu corpo ceder, não poderia ser alguma doença. Sentiu a chuva aumentar e resolveu apertar o passo, o que não foi possível. Avistou ao longe alguns rostos cadavéricos vindo desengonçados em sua direção, mas dada a distância pensou que fossem apenas pessoas fantasiadas para a comemoração, então seguiu. Porém a medida que se aproximavam o loiro percebeu que não se tratava daquilo e suas orbes quase saltaram para fora. Era a primeira vez que sentia algo do tipo, seu interior estava mandando ele correr com setas em neon e letra maiúscula, e então o fez, largando até mesmo suas compras para trás.

- Que porra é essa? – Gritava sem fôlego enquanto corria, seguido pelos seres fantasmagóricos, que também se puseram a correr em uma velocidade absurda.

Seu pé acabou ficando preso em um vão da calçada e o garoto se despencou no concreto. Antes que os esqueletos pudessem o alcançar – o que não seria difícil- uma figura masculina apareceu vindo do nada.

- Saia daí! É maluco? Mais um louco suicida? – Pôde ver que era um homem com grande porte físico e também estava armado, mas nunca tinha visto uma arma como aquela. Uma espada foi rapidamente cravada transpassando os três seres horrendos no peito.

- Você deve ser o pirralho de tão-tão distante que Ele está procurando. Patético. O que pensa que está fazendo? – O homem mais velho deu um leve empurrão no menor, que ainda estava em estado de choque.

- Espera aí, do que você tá’ falando? Ele quem? E eu não estava tentando tirar minha vida! Eu não sei que merda tá’ acontecendo.

- O seu pai quer te ver. Mas eu ainda não sei o que ele viu em você.

Colco passou alguns minutos em silêncio digerindo a informação, se não tivesse tão assustado diria que só não fez o mesmo pois não possui uma espada. O seu novo primo então o levou para um lugar menos tumultuado para que pudessem conversar com calma.

- Espera aí, o que é isso na minha cabeça? Desde quando tá' aí? – Disse Colco enquanto tentava tocar, sem sucesso.

- Você é o filho de um Deus, ou seja, um semideus. Seu “pai” se chama Phobos. Parabéns. Só não se ache mais especial por isso, os deuses volta e meia vem para Terra para procriar, então tem vários de você por aí. – O homem dizia limpando sua preciosa espada. – Se você não vier comigo vai viver em perigo, é como um ratinho cercado de felinos esfomeados.

Depois de sanar todas suas dúvidas, explicou cuidadosamente o que eram aqueles mortos-vivos de antes e todo paradeiro de seu pai. Também o disse todo poder que teria em mãos se treinasse adequadamente para usá-lo com exatidão, dada as circunstâncias, ele estava ali por isso. Era um filho de Deimos que foi enviado por Phobos para que fosse ao seu encontro.

Pode até parecer clichê, mas tudo começou a fazer sentido para o garoto, como se a última peça de um quebra cabeças tivesse sido encontrada em um quarto bagunçado. Seu desprezo por sua figura paterna não iria embora tão fácil, mas aceitaria seu destino. Logo se lembrou da carta deixada por sua mãe e previu que seria sobre isso, pobre mulher, é quase um alívio que não tenha ficado para ver tudo que seu filho ainda faria.

Mesmo que estivesse estático, algo havia acabado de nascer dentro de si, estava pronto para levar toda essa história como uma diversão, um ponto de largada. Eram tantas possibilidades, estava delirando? Enlouquecendo? Uma vontade de rir imensa tomou conta de si, aquela situação era engraçada demais para ele. Então se pos a quebrar o breve silêncio.

- Que coisa.
Colco Velásquez
Colco Velásquez
Filhos de Phobos
Idade :
21

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Mensagem por Éris Ter Nov 03, 2020 12:14 pm

COLCO VELÁSQUEZ
Avaliação
Olá, Colco! Seja muito bem-vindo ao Olympus Fall.

Lendo seu texto, me senti imersa na história do filho de Phobos e sua personalidade intrigante.
Gostei do fato de ter narrado como os pais do semideus se relacionaram antes do seu nascimento, além de ter retratado Phobos de uma maneira que julgo ser fiel. Sua escrita foi bastante fluída e direta, tranquila e de fácil leitura. No entanto, vi pequenos erros de pontuação e posicionamento de vírgula, mas nada gritante.

Além do mais, nas próximas vezes, busque utilizar o travessão ao iniciar uma fala ou pensamento.

Fora isso, parabéns!

reclamado como filho de Phobos



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